Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda., série de propostas performáticas concebidas por Antonio Gonzaga Amador e Jandir Jr., é realizada em instituições de arte pelos próprios artistas trajados com uniformes de segurança, e tem seus problemas centrais vindos das relações entre instituições como essas e as pessoas que trabalham cotidianamente em suas salvaguardas.
 
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O segurança, ainda que em posição de prontidão no espaço expositivo, permanecerá com os olhos fechados.


Se um dia nos deparássemos com um vigilante de olhos fechados no espaço que ele salvaguarda, será que sentiríamos a segurança do ambiente ameaçada? Há quem cogitaria que ele se eximiu da responsabilidade em velar o lugar, imaginando-o desobediente. Mas é possível que alguém pensasse em seu cansaço, que talvez estivesse cochilando em pé, e em outra pessoa, quem sabe, viria ainda a lembrança da alegoria da justiça, ao vê-lo cego como ela, vendada. Temos aí então absurdos outros nessa vigília, seja por quem detém sua atenção no funcionário, deixando de pensá-lo a partir de suas demandas, seja pelos que veem uma postura justa, porque virtuosa e austera, nas pálpebras fechadas de quem os protege.

A Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda. apresenta Vigilante, serviço em que, conciliando as demandas públicas da propriedade que requer vigilância com a existência privada de quem a guarda, seus seguranças permanecerão com os olhos fechados, ainda que em prontidão. Nele, o corpo do segurança e as noções de visibilidade e invisibilidade se tornam assunto, ao mesmo tempo em que, pelo equilíbrio instável entre o que há nos olhos fechados dos funcionários e tudo o que lhes requer o olhar, surja como dúvida se só suas presenças corpóreas, destituídas do sentido da visão, bastam para o estabelecimento da salvaguarda. Neste receio incomprovável, escapa que Vigilante mantém seguranças atentos ao que nunca poderá ser visto por sua clientela.